segunda-feira

Montevidéu e os contos por entre suas ruas

Montevidéu, foto de Libertinus Yomango.
De Mario Benedetti, o primeiro que li foi seu romance Primavera com uma esquina rota, em meu segundo ano de estudos do espanhol. Me encantei com esse romance sutil, tratando do tema do exílio através da voz de três pontos de vista, o que mais me tocou foi a de Graciela, a menina. Depois desse romance comecei a devorar os escritos do escritor uruguaio. Descobri seus contos, queria lê-los todos. E queria ir a Montevidéu, cidade pano de fundo de muitos de seus contos. Quando ali pisei, eu simplesmente não queria mais ir embora, adiei a volta, queria caminhar por entre as ruas, lembrando dos contos que havia lido, pensando que essa seria a praça de tal conto, que olha, a feira, olha, ali, olha, olha. Aquela cidade deixou calos nos meus pés e ficou a vontade de voltar e conseguir ler tudo, todos os contos, todas os romances, como era possível que ele escrevesse assim, desse jeito que não dá vontade de parar de ler. Comecei então a presentear Benedetti. Seu romance mais conhecido, A Trégua, dei de presente para um amigo e Quien de nosotros para outro e claro que aproveitei para lê-los antes de presenteá-los (cara-de-pau, sim!). Eu tinha vontade de conhecê-lo, conversar com ele, e em Montevidéu imaginava, puxa, e se eu esbarrasse com ele pelas ruas de Montevidéu? Claro que a possibilidade era mínima. Hoje infelizmente não há mais chance de encontrá-lo pelas ruas de Montevidéu, entretanto cada esquina rota dali ficou marcada pelos seus escritos.
Deixando o Uruguai, entardecer do Buquebus.

Nenhum comentário: